Entrevista com o presidente da Mitsui & Co. (Brasil) S.A. Shinji Tsuchiya
A partir da década de 1960, a Mitsui & Co. Brasil S.A. expandiu suas atividades contribuindo ao crescimento econômico do Brasil através de várias iniciativas como recursos minerais, energia e infraestrutura. E também realiza muitas atividades de contribuição social e de apoio à sociedade brasileira, como a doação contínua de equipamentos médicos ao Hospital Santa Cruz [em São Paulo]. O presidente Tsuchiya tem uma vasta experiência de trabalho no exterior e atualmente também exerce o cargo de diretor permanente da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil.
Entrevistador: Poderia nos descrever seu trabalho e cargo que exerce?
Tsuchiya: A empresa tem mais de dez departamentos comerciais, como o Depto. de Energia, Depto. de Recursos Minerais e Metálicos, entre outros; e conta com escritórios em outras regiões do país.
Meu cargo como presidente da subsidiária brasileira é, principalmente, coordenar o trabalho a ser implantado no Brasil por cada um dos departamentos. Por exemplo, a possibilidade de iniciar uma nova atividade ao unir um empreendimento específico com outra empresa. Desta forma, determinar se existe no Brasil a possibilidade de algum tipo de trabalho para dirigir com grande afinco uma obra que se torne profundamente enraizada no local. Além disso, também tenho a função de comunicar a matriz, em Tokyo, sobre a real situação do Brasil, através das informações obtidas diretamente da rede local.
Ademais, há 90 destacados executivos transferidos temporariamente, representando a matriz por todo o Brasil, somados aos mais de duzentos funcionários que trabalham nas diversas regiões do país, além de suas famílias. Há, portanto, a responsabilidade de proteger a vida e a segurança dessas pessoas, por assim dizer, executo a função de um embaixador particular.
Entrevistador: Que impressão tem, com relação ao fascínio da cultura brasileira?
Tsuchiya: Acredito que o maior fascínio está nas pessoas. Minha esposa comentou que são as melhores pessoas do mundo, pois quando ela ficou ferida; em todos os lugares, tanto jovens como idosos, na rua ou no hospital, conversavam preocupados com ela. Acho que a parte atraente está na gentileza e otimismo.
Entrevistador: Há alguma diferença cultural ou de estilo de vida que tenha percebido?
Tsuchiya: O Brasil é um país de vasto território, abençoado com recursos naturais e alimentos, com ótimo clima durante o ano todo, e um grande potencial, bastante comparável ao dos Estados Unidos. Penso que as pessoas, que nascem e crescem em um país rico assim, mostram seu generoso coração em seus estilos de vida e cultura.
Entrevistador: : Como é recebida no Brasil a cultura japonesa?
Tsuchiya: Com relação a cultura japonesa, o que chama a atenção ultimamente é a comida japonesa no Brasil. A culinária foi amplamente aceita e dentro desse boom, acho que é importante que se transmita uma cultura alimentar japonesa correta. Ademais, o Ministro da Agricultura do Brasil tem manifestado seu agradecimento e respeito aos japoneses. Em todo lugar, o Japão é altamente avaliado, é algo gratificante.
Entrevistador: Quais são suas impressões sobre a cultura japonesa sob um novo olhar?
Tsuchiya: Morando no exterior sinto que há conforto material, e acho que, só o Japão consegue fazer coisas delicadas. Pode-se dizer que o mérito do Japão é a busca pelo belo, a beleza da engenhosidade. Os produtos japoneses são duráveis e altamente eficientes, mas para as pessoas fora do Japão, a estrutura do produto é muito complexa. Creio que neste aspecto, o Japão é diferente.
Além disso, é fato que, ultimamente está sendo revisto o esplendor da cultura japonesa, que começou a ser admirada com a consolidação de uma nação turística. Apesar da tendência decrescente da população, penso que seja algo muito bom e vantajoso.
Acredito ser necessária uma apelação mais enfática do Japão ao mundo. O objetivo dos turistas é ver e prestigiar as boas qualidades do Japão, por isso penso que se devam tomar medidas, de modo que, evidencie o turismo cultural japonês.
Acho que não existe outro país tão excelente quanto o Japão: uma nação rica em objetos de qualidade e também em cordialidade e diligência.
Entrevistador: Qual é sua relação com os encantos da Cerimônia do Chá?
Tsuchiya: Em poucas palavras, o fascínio do Caminho do Chá é a beleza da quietude. Por exemplo: dentro do cenário de preparar o chá e de tomá-lo, comparativamente, não há som. Dentro de cada um desses atos serenos vai-se aguçando o espírito, concentrar-se é um treinamento mental, e por essa apreciação aprende-se o Caminho do Chá. O Chadô nasceu e cresceu dentro da história do Japão, e acredito que explora a beleza de ações peculiares japonesas, como a “cortesia” típica do Japão. Ele condensa o espírito japonês.
Muito obrigado.
Entrevista em julho de 2015
Setembro de 2015