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4. Jûrokuya – Décimo sexto dia da lua

Em japonês, “jûrokuya” (十六夜) ou “izayoi” (いざよい) refere-se à noite do décimo sexto dia da lua. Se contamos o dia da lua nova como o primeiro, o dia da lua cheia corresponde ao décimo quinto dia.

Assim, “jûgoya” (十五夜) designa a noite do décimo quinto dia, e “jûrokuya” (十六夜) corresponde ao dia seguinte. Ambas palavras são significativas no vocabulário estacional de outono, para o japonês.

A lua tem um ciclo de aproximadamente um mês, o qual inicia-se com a fase da lua nova.

A lua nova cresce até ficar cheia no décimo quinto dia, e, a partir de então, decresce, para em mais quinze dias voltar ao seu novo ciclo.

À lua nova dá-se o nome de “shingetsu” (新月), “saku” (朔) ou “tsuitachi” (朔), o primeiro dia do mês lunar. Nesta fase, a lua e o sol se alinham, motivo pelo qual não se vê os raios solares refletidos nela.

A noite do décimo sexto dia é conhecida também como “izayoi”, porque denota hesitação, no sentido de que a lua demora a sair, em comparação ao dia anterior, como se “hesitasse” aparecer. Decerto, todos os meses do ano têm um décimo sexto dia de lua, mas, no Japão, conforme o calendário lunar, o jûrokuya refere-se especialmente a este dia seguinte, da lua cheia no mês intermediário do outono, cujo dia em 2019 corresponderá a 14 de setembro.

Há algum tempo, o calendário lunar esteve muito em voga. Para as pessoas do sexo feminino, afirma-se até que o biorritmo do corpo está muito relacionado com as fases da lua.

O dia quinze de agosto do calendário lunar é considerado a Noite de Lua Cheia do Pleno Outono (chûshû no meigetsu 中秋の名月). Neste dia é costume contemplar a lua cheia, cuja figura é considerada a mais bela, no mês intermediário, dos meses outonais do calendário lunar, o sétimo, o oitavo e o nono meses.

A lua, em japonês, é denominada de diferentes formas, no decorrer do mês. Por exemplo, a começar pela lua nova, até chegar à lua cheia: no seu terceiro dia é chamada de “mikazuki” (三日月); no sétimo e oitavo dia, “jyôgen no tsuki” (上弦); no décimo terceiro dia, “jûsanya” (十三夜); no décimo quinto dia “jûgoya” (十五夜) ou “mangetsu” (十五夜), Lua Cheia (満月). E, como mencionamos ao início, denomina-se “jûrokuya” (十六夜) o seu décimo sexto dia.

Na Noite de Lua Cheia do Pleno Outono, fez-se costume agradecer à lua pela colheita, tal como no Festival da Lua Cheia ou Festival da Décima Quinta Noite (jûgoya matsuri 十五夜祭り), oferecendo-lhe produtos da variedade e abundância da colheita.

Como oferenda, podemos citar o doce “tsukimi-dango” (月見団子) (literalmente: bolinhas-para-ver-a-lua), o inhame, verduras como a berinjela ou as sete ervas do outono. Dizem que entre os doces servidos, o “monaka” (最中) foi originalmente concebido como imitação da lua cheia. Há diversos nomes de doces que incorporam o conceito ou nome da lua (tsuki 月). Alguns deles são: “meigetsu” (名月), “hagui-no-tsuki” (萩の月), “tsuki-no-shizuku” (月の雫), ”yahan-no-tsuki” (夜半の月), “mochi-zuki” (望月), “saga-no-tsuki” (嵯峨の月), entre outros.

Que tal, nós, contemporâneos, contemplarmos a lua em uma noite de quietude e perder-nos em devaneios?

 

「月々に月みる月はつきねども
月みる月はこの月の月」

“Tsukizuki ni tsuki miru tsuki wa tsukinedomo
tsuki miru tsuki wa
kono tsuki no tsuki”*

Mês após mês vemos a lua
mas o mês para se contemplar a lua é o da lua deste mês.

 

*Nota do Editor:
Famoso poema tanka, de autor desconhecido. Na língua japonesa “tsuki 月” pode significar tanto “lua” como “mês”.

Agosto de 2019