OBON – Culto aos Epíritos dos Ancestrais
O culto em memória dos espíritos dos antepassados é uma característica peculiar da cultura japonesa e revela o sincretismo entre a fé aos espíritos ancestrais do antigo Japão e o budismo. Chamado de obon ou bon (formas abreviadas do evento budista urabon’e), pode ser traduzido como “festa das lanternas”. Difundido em todo o país, tem conteúdos e costumes variáveis de acordo com a região do Japão onde acontece.
1º de agosto Kamabuta tsuitachi 釜蓋朔日
A tradução literal do nome desta festa é “tampa da caldeira no primeiro dia”. Conforme a tradição, neste dia, a tampa do inferno se abre, marcando o início da temporada em que os espíritos voltam para casa.
7 de agosto Tanabata 七夕
Pode ser traduzido como “a noite do sétimo”. Originalmente, era escrito com os ideogramas 棚幡, referindo-se ao dia de consagrar a prateleira de oferendas para os espíritos falecidos (shôryôdana 精霊棚) e as bandeiras (ban 幡) colocadas próximas à prateleira para recepcionar os antepassados. Estende-se uma esteira tecida com arroz selvagem na prateleira e coloca-se bambus nos quatro cantos amarrados com uma corda, decorando seu entorno com dois tipos de flores, a “lanterna-japonesa” e outra chamada de bon-bana (flores colhidas nas montanhas). Antigamente, acreditava-se que os espíritos chegavam nessas flores. São oferecidos também berinjela, pepino, outras verduras e doces dango (団子) bolinho feito de farinha de arroz glutinoso – mochiko.
13 de agosto Mukaebi 迎え火
Faz referência à “fogueira de boas-vindas”, que se acende à noite para indicar o caminho aos espíritos dos antepassados.
16 de agosto Okuribi 送り火
A “fogueira de despedida”, acendida no dia 16 de agosto, é um dos eventos mais famosos. São conhecidas como as grandes fogueiras de despedida nas cinco montanhas de Kyoto (gozan okuribi), mas há também o costume de enviar os espíritos dos ancestrais em lanternas de papel flutuando sobre as água (tôrô nagashi 灯篭流し) pelo curso de um rio.
Nii-bon 新盆 ‘Obon Novo’ ou Hatsu-bon 初盆 ´Primeiro Obon’
Denomina-se “novo obon” (nii-bon) ao primeiro obon (hatsu-bon) após a morte de um membro da família. Costuma-se fazer uma cordial homenagem à pessoa falecida.
Bon-odori 盆踊
Dança realizada por jovens e velhos no pátio dos templos e santuários. Apesar de ser um evento que tem como propósito fortalecer a fraternidade na região, originalmente era um costume para conduzir para o outro mundo os espíritos ancestrais recebidos e confortados durante o obon. Esta festividade também expressa a alegria de viver e a gratidão aos antepassados, além de ser um ritual para afastar o infortúnio.
Jizô-bon 地蔵盆
É a festa do bodhisattva Kstigarbha, conhecido no Japão como Jizô. Precisamente deve ser realizada no dia 24. Foi adotada a data de 24 de agosto no calendário gregoriano (24 de julho do antigo calendário lunar) por ser uma data próxima a obon. O Jizô não se encontra dentro dos templos, mas no canto da beira da estrada ou rua. Os chamados Tsuji Jizô são geralmente vistos no cruzamento de vias e se relaciona com a crença à Dôsojin, a deidade guardiã dos viajantes.
O Jizô-bon acontece principalmente na região de Kinki e é considerado Patrimônio Cultural Imaterial ou Inatingível (compreende expressões de vida e tradições que comunidades recebem de seus ancestrais e passam para seus descendentes). Em Kyoto, a festividade se tornou um evento tradicional da cidade e acontece sempre no verão.
Neste evento, as pessoas oram pelo crescimento saudável das crianças, uma vez que o Jizô é o Buda protetor das crianças.
Agosto de 2016