O brocado em listras Kantô (Parte 2)
Rikyû Kantô 利休間道
Este tecido é feito seguindo uma padronagem de pequenas formas geométricas, em branco sobre azul-marinho, repetidas quase como um xadrez. As formas lembram uma revoada de tarambolas (japonês chidori 千鳥), donde o nome japonês deste desenho, chidori-gôshi 千鳥格子 (o padrão assemelha-se ao tecido pied-de-poule ou “pé de galinha” francês). Tanto a trama quanto a urdidura são em fios de algodão (o tecido kireji chamado Jôô-Kantô 紹鴎間道 parece bastante com o Rikyû visualmente, mas é feito em fios de seda).
Bastante simples e austero, este tecido ilustra bem os ideais estéticos de Rikyû, “o rústico e solitário” (wabi-sabi). Seu uso tradicional é como bolsa shifuku para o pote de chá de grande renome, Matsuya Katatsuki–chaire 松屋肩衝茶入.
Yahe-e Kantô 弥兵衛間道
Listras verticais em escarlate predominam, sendo complementadas por outras em cores como amarelo, branco, azul-marinho etc.; por sobre elas entrecruzam-se tênues faixas horizontais brancas, formando uma grade sutil. Este exuberante padrão é bastante rico em variações. Diz-que o nome “Yahe-e” advém de certo artesão que viajou até a China do período Song (960–1279), onde estudou este tipo de técnica Kantô; ele trouxe-a então para Hakata, no Japão antigo (atual Fukuoka). Os detalhes históricos, porém, são incertos.
Satsuma Kantô, ou Satsuma-Kunai Kantô 薩摩間道、薩摩宮内間道
Listras de espessura variada alternam-se em vermelho escuro, vermelho-alaranjado, marrom, turqueza, anil e outras cores. O interior de algumas das listras é preenchido durante a tecelagem com padrões repetidos, como arabescos ou símbolos geométricos. A combinação exata de listras e padrões varia bastante, podendo incluir outros motivos tais como flores de ameixeira (ume). Em contraste ao Rikyû Kantô acima ilustrado, o Satsuma Kantô apresenta-se no outro extremo, sendo especialmente vívido e suntuoso mesmo dentro da colorida categoria Kantô.
Abril de 2018