Notícias do Dubai
Boa tarde de Dubai!
Penso com carinho nas sessões de práticas rigorosas e nos eventos e atividades mensais do Centro de Chadô. Agora estou morando em Dubai. É o sexto país estrangeiro em que vivo, mas o primeiro no Oriente Médio, uma região muçulmana.
DUBAI, A CIDADE QUE CONTINUA A DESENHAR UM SONHO NO DESERTO
Ao falar de Dubai, temos uma imagem de “ricos”, “construções excêntricas”, ou “o primeiro do mundo”? Ou seria o Burj Khalifa, o edifício mais alto do mundo com 827m de altura? Poderia ser as ilhas artificiais que flutuam sobre o mar, como o Palm Jumeirah, que tem forma de uma palmeira, ou o The World, com o formato de um mapa-múndi? A cidade dos grandes shoppings centers com aquários, pista de patinação e de ski, com hotel de luxo sete estrelas, tendo o Porsche na frota de carros da polícia?
Dubai é a segunda maior cidade dos sete emirados que juntos formaram os Emirados Árabes Unidos (EAU) em 1971. A impressão que se tem é que se tornou rica graças ao petróleo, mas na verdade, a produção de petróleo não é muito grande.
Localizada no deserto da Península Árabe, era um bom porto natural pequeno, em frente ao golfo Pérsico (mar da Arábia). Já foi porto de exportação de pérolas naturais, mas perdeu o posto devido ao cultivo de pérolas por Kôkichi Mikimoto no Japão.
Sua autoridade máxima é o xeque Rashid bin Saeed Al Maktoum (chamado “pai de Dubai”). Ele visualizou a localidade como um ponto geopolítico estratégico por estar no cruzamento entre Ásia, Europa e África e é responsável pela transformação de Dubai, por dar forma a um sonho.
Em princípio, ampliou-se o pequeno porto pesqueiro para grandes navios-tanque pudessem entrar e sair, e seguiu-se a construção do Aeroporto Internacional de Dubai que passa a operar 24 horas. Providenciar infraestrutura em um local desértico, projetando os próximos 50 anos, posicionou Dubai como um ponto de ligações, uma hub, pelo céu e mar, de pessoas do mundo tudo e de movimentação de produtos.
Logo, é sucedido pelo xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum quem impulsionou a indústria de turismo e surpreendeu o mundo criando construções excêntricas, a faceta conhecida como “primeiro do mundo”. É também criada a Zona Econômica Especial, uma zona franca livre de impostos, com o intuito de atrair um grande número de empresas estrangeiras. Para atrair os investidores imobiliários e uma classe abastada, concentra recursos para a polícia garantir a segurança no instável Oriente Médio. Devido sua habilidade e diligência, o xeque Mohammed foi denominado de “CEO (Chief Executive Officer) da Dubai Co. Ltd.”.
Os dubaienses não chegam a 10% da população. Eles seguem o islamismo, realizam orações no dia a dia e usam roupas tradicionais islâmicas quando estão na rua: a túnica comprida branca “Kandurah” para os homens e as mulheres “Abayas” pretas. Há muitos funcionários públicos, que levam uma vida opulenta devido a políticas de tratamento preferencial.
Os 90% restantes, que compõem a maioria da população, são estrangeiros, procedentes do sul-asiático (Índia, Paquistão, Bangladesh), de países árabes vizinhos (Irã), da Ásia (Filipinas e China), e também da Europa e América (embora tenha vivido em vários países é a primeira vez que vejo uma grande variedade de raças de uma só vez).
Os rótulos e menus estão escritos em duas línguas, o árabe e o inglês, que é a língua comum. Uma pessoa não passa dificuldade se não souber falar árabe, pois Dubai é uma cidade de muitas nacionalidades, um local turístico e tolerante com estrangeiros.
É possível que continue evoluindo rumo a Expo 2020, a ser sediada nessa cidade, segura e limpa, onde o mundo todo se reúne. Muitas pessoas usam a rota São Paulo–Dubai–Japão com a Emirates Airlines. Se tiverem a oportunidade, desçam em Dubai e desfrutem do turismo. Aguardo vocês!
O RITUAL DO PREPARO DO CAFÉ ÁRABE
Pela primeira vez, fui convidada para tomar o café árabe. Fiquei surpresa ao beber o primeiro gole. Além disso, todo o ritual de preparo é muito interessante, vem do costume do povo beduíno, os nômades do deserto.
O CAFÉ ÁRABE:
A cor do café não é marrom escuro, mas um marrom mais amarelado e seu sabor é mais fraco e condimentado. Assemelha-se um pouco a um chá de ervas, pois, além de grãos de café, tem outros ingredientes como cardamomo, cravo, açafrão e água de rosas (cada família faz a mistura das especiarias de seu próprio jeito, podendo haver variações). Os ingredientes são moídos e colocados um a um em um bule com cabo, onde são fervidos durante cerca de 10 minutos. O café é bebido sem açúcar nem leite.
COMO O RITUAL ACONTECE:
A xícara em que se bebe o café não possui alça e tem a forma de uma tigela japonesa pequena. O anfitrião (ou empregado que serve o café) carrega vários copos sobrepostos com a mão direita e o potenciômetro do café na mão esquerda. O café é servido até metade do copo – nunca até a borda – na frente do convidado.
Em seguida, o convidado pega a xícara com a mão direita e não pode colocá-la sobre a mesa, pois esse gesto pode ser interpretado como uma recusa da bebida. Quando o copo se esvazia, o café é servido pelo menos três vezes (se café deixar de ser servido, é um sinal para que o convidado se retire). Quando o convidado estiver satisfeito, ele emite um aviso agitando o copo duas a três vezes, à direita e esquerda.
No islamismo, é proibido beber álcool. Por isso, a melhor forma de mostrar hospitalidade feita de coração é servir este café com tâmaras secas e muitos doces.
Atsuko Hara
Abril de 2016