- A Paz Através de Uma Tigela de Chá -

Moenokoru shira-zumi araba suteokite mata yo no sumi o oku mono zokashi

焚え残る白炭あらば捨ておきて
また余の炭を置くものぞかし

Se permanecer resíduos de carvão de galho branco sem queimar,
a coisa a fazer é deixá-lo e adicionar mais carvão de galho branco.

Este poema tem como tema o carvão de galho (edazumi 枝炭).

O edazumi se obtém ao queimar galhos, que tornam-se carvão, e depois a superfície é pintada de branco.

No passado, era pintado com um pó branco chamado gofun 胡粉 (um dos pigmentos brancos feitos de conchas), mas agora é pintado com cal e várias outras substâncias.

O edazumi é colocado próximo aos carvões que no chanoyu são do tipo alongado como um tubo (kudazumi 管炭). Como o fogo vai inflamando-se em ordem a partir da brasa inicial (shitabi 下火) até os outros carvões, pode-se dizer também que a existência da lenha, que é o edazumi, atrai o fogo. Além disso, cumpre um grande papel no cenário: o vermelho da brasa inicial, o preto dos carvões colocados e quando o edazumi branco é adicionado, torna-se um cenário muito esplêndido e belo.

No edazumi, o que se queima é o carvão por dentro, a parte branca não fica acesa e permanece como resíduo. O poema nos indica para deixá-lo assim mesmo, não misturá-lo quando for mexer a brasa.

Em outras palavras, significa não tocar no edazumi, arrumar a brasa e logo colocar os carvões.

Ao usar o edazumi, seus resíduos brancos ficam misturados nas cinzas e ao limpá-la não será possível separá-los, a menos que, com atenção, se peneire usando uma malha fina. Por trás de tais cuidados há um sentido, e talvez esse ensinamento possa ter se transformado neste poema.

Março de 2020