- A Paz Através de Uma Tigela de Chá -

Nani nite mo okitsuke kaeru te-banare wa koishiki hito ni wakaruru to shire

何にても置き付けかへる手離れは
恋しき人にわかるると知れ
Nani nite mo okitsuke kaeru te-banare wa
koishiki hito ni wakaruru to shire

Sempre que depor ou mudar a posição de algo,
retire a mão como se estivesse a despedir-se de um ente querido.

 

Dentre os procedimentos para o preparo do chá (temae), há hakobidemae e tanamonodemae.

O poema retrata a cena do hakobidemae, em que se leva utensílios do chá para pô-los em lugares determinados.

Por exemplo, no momento de pegar o mizusashi pesado com água, ou outro utensílio, tente fazê-lo com leveza; mas quando as mãos se separarem do objeto, que haja tal sensação de inesquecível e duradouro encanto, como a se despedir de alguém que ama. Em outras palavras, quando se transmite essa impressão (yojô 余情), deixa-se no lugar os utensílios do chá com segurança e a experiência da Cerimônia do Chá ganha um sabor mais profundo.

Assim, é importante manusear os utensílios com precisão e manter o foco até o fim.

Nas artes marciais, existe a palavra “zanshin” 残心 (estado de contínuo alerta). Isso significa não embainhar a espada imediatamente após derrotar o inimigo, mas sim mantê-la suspensa, encarar o inimigo, dar cinco ou seis passos para trás e, só então, embainhá-la.

Essa atitude é chamada de “zanshin”.

Decerto, esse tipo de mentalidade também é necessário no temae.

Há ainda o ditado “yojô zanshin”「余情残心」, que se refere a continuar pensando com consideração na outra pessoa, após o chaji ou chakai.

Este é o pensamento do chajin que rememora se foi capaz de receber seus convidados com total atenção, no espírito do momento único (ichigo ichie).

Janeiro de 2025