Flor de Ipê
Antonio Fabiano da Silva Santos
No começo deste ano, quando me mudei de São Paulo para Belo Horizonte, senti muita falta das práticas de chá semanais na Hakuei-an. Eu percebi que devo me esforçar mais, a partir de agora, para viver como um chajin. Logo em seguida começou a pandemia e veio a difícil realidade que enfrentamos até este momento. Porém, nas coisas mais simples do cotidiano, descobrimos a sabedoria do Caminho do Chá. E é na dificuldade que se revela, com mais brilho, a virtude de quem segue esse caminho. Durante estes meses, a palavra de nosso Oiemoto – através das mensagens dirigidas aos membros da Urasenke de todo o mundo, enquanto as escolas estão fechadas por causa da pandemia – fortaleceu meu coração e deu muita força ao meu espírito. Eu o senti muito próximo. E senti muita gratidão por isso!
Aqui, onde moro, criei meu próprio espaço de chá, minha “cabana” improvisada, para treinar sozinho e muitas vezes apreciar uma tigela de chá lembrando-me dos amigos. Nos últimos meses tenho lido muitos livros de chá e aprofundado o conhecimento teórico. Fico muitas vezes recordando os ensinamentos dos mestres, as coisas que desde o início me ensinaram. Com frequência faço na mente os otemae. Parece que o mundo vai se tornando para mim uma grande sala de chá, e ao longo de todo o dia os meus movimentos e pensamentos ficam voltados para isso.
Queda silenciosa –
As flores do velho ipê
sobre a cabana.